O calor do verão aperta e a cada ano o meu velho corpo se ressente mais e mais. Sei que não sou o único que se queixa desta extrema fadiga causada pelas altas temperaturas do verão. Mas vamos lá ao assunto que interessa, a Seisa. Eu sei que me repito ano após ano com este mesmo tema, peço-vos então que tenham um pouco de paciência comigo.
A Seisa tem passado por muitos desafios no passado. Alguns destes ainda continuam e iram continuar pelo futuro também. Quero eu dizer, nós continuaremos nos desafiando a nós próprios com a função de seguirmos crescendo sempre mais fortes e em rumo a um futuro melhor.
Até hoje nós vimos percorrendo caminhos até então considerados impossíveis e sem valor. Já fomos forçados a avançar por desvios e tanta crítica já recebemos, por vezes já fomos obrigados a avançar bem lentamente, a passo de tartaruga. Mas teimosos como somos, nunca desistindo, sempre avançando e eventualmente obtendo as nossas metas. Nenhuma das nossas ações jamais fora uma perda de tempo. Ao contrário, todo o que temos feito sempre acabou por se transformar em grandes e significativas experiências. Quanto mais ponderamos e compreendemos o verdadeiro significado das ações que viemos tomando ao longo do tempo, mais batalhamos e consecutivamente mais continuamos aprendendo.
Por vezes uma ação pode, à primeira vista, parecer até inútil ou de pouca criatividade. Mas então o que significa “ser inútil”? Ou ter falta de criatividade? Talvez queira dizer que aqui surgiu um desinteresse ou esquecimento ao avançar na direção da meta primária, e entretanto o tempo vai passando sem grandes descobertas nem grandes objetivos. Eu, junto com os meus colegas, com os quais compartilho a mesma ideologia, continuamos numa pesquisa eterna. Nós não nos contentamos com as nossas facetas somente como parte de uma rotina diária. Ao contrário, nós sempre nos unimos em função do mesmo objetivo, e por tal nos juntamos, partilhamos e discutimos as nossas ideias com a finalidade de, juntos, tornar as nossas ideias em realidade.
Mesmo quando por vezes, nos sentíramos sufocados e na total escuridão, também esses foram momentos de valor para todos nós. Nós sempre enfrentámos as dificuldades que surgiam sem as ignorar ou tentar escapar delas. Esgotámos uma imensa quantidade de energia, mas mesmo assim não existem palavras para descrever a tremenda sensação de finalmente encontrar o caminho de saída para além dessa escuridão momentária. Uma emoção que continua sempre presente dentro do meu coração.
Ao encarar obstáculos, eu ficava nervoso e inseguro por vezes sem saber como os resolver e os ultrapassar, mas sempre acabei por encontrar uma solução. Como eu não tinha uma educação básica em nenhuma determinada área, sempre necessitei de estudar em dobro ou triplo para alcançar o nível das outras pessoas. Eu sempre usufrui de todos os meus erros e desvios e os ínterpertei e acolhi como grande plataforma de aprendizagem. Mesmo sendo a minha sabedoria pouca e básica no começo, eu aprendi muito com os outros e segui muitos dos conselhos que me foram dados. Como podem imaginar, nem sempre me dei bem e muitas das vezes acabei em depressão. Depois pensava para mim mesmo qual seria o significado de todos os acontecimentos e ao tentar compreender as situações o melhor que podia, eu comecei a fazer novas descobertas e me apercebi de novos resultados, o que me deixava sempre bastante empolgado. Desde então, se tornou para mim um hábito, tentar ter sempre esclarecido o significado e o objetivo das minhas ações e permanecer sempre de mente aberta e ativa para absorver ainda mais sabedoria.
Uma vez que se aperceberem, reconheceram que os alunos não estão aqui para voçês professores, mas sim vós professores é que estão aqui em função de todos os alunos, pois são eles que necessitam do vosso apoio. Nunca se esqueçam desta tamanha realidade. O humano tem a tendência de se tornar autoritário, mas não é esse o nosso objetivo para Seisa. Seisa deve permanecer uma instituição educacional unida que é aceite pela sociedade em geral e pelo povo em particular, e deverá continuar sempre seguindo nesta direção e com seus objetivos devidamente explícitos.
Mais adiante, nunca se esqueçam que é muito importante reconhecer a nossa felicidade, mas deixem me assinalar que é igualmente importante tentar deixar também os demais felizes e de sorriso na cara. Este tipo de cadeia de felicidade é tão valioso que nunca deveremos esquecer que faz parte do nosso trabalho nunca a deixar quebrar enquanto procuramos fazer o melhor em função da nossa sociedade.
Como sempre digo, eu visualizo a nossas escola como “a escola ideal que os alunos desejam ter” em vez de “uma escola que segue rigorosamente o currículo”. É evidente que a nossa instituição escolar ainda não alcançou o nível ideal e requerido por todos os nossos alunos mas ao longo do tempo já concretizamos muitas das nossas funções enquanto o sistema de educação japonês tem passado por acentuadas e necessárias mudanças que eventualmente conduzem a uma importante reforma social e educacional.
Mais uma vez vos peço para que reflitam no que significa para vós “trabalhar”. Se o vosso trabalho gera contatos e ligações positivas, então será um agrado trabalhar. O trabalho muitas vezes também nos traz aborrecimentos e dor, mas ao proporcionar resolução para os problemas que obviamente vão surgindo, cada um de vós vai erguendo sua própria autoconfiança. Quando tens motivos para não executar o teu trabalho e te sentes bloqueado, deves ser explícito sobre o teu motivo. Quando os teus motivos são justos, então o rumo deverá ser alterado de acordo a encontrar uma solução mais apropriada. Não te feches na sua concha a tentar decidir tudo sozinho. A Seisa não aceita pessoal que não se responsabilize pelas suas próprias ações e condições ou pessoas com o hábito de agir na calada com a função de se protegerem somente a si próprias.
Todos nós gostamos de nos sentir valorizados. Realizarmos devidamente o que nos é proposto, é o requisito mínimo. Quando não se é explícito ou não se toma quaisquer iniciativas na função de se melhorar, quando não sabemos mais como correr atrás de novas descobertas, será que nos resta ainda alguma razão para continuar trabalhando? O famoso escritor japonês Yukichi Fukuzawa uma vez disse que “o conhecimento sem propósito não tem qualquer valor.” Nós aprendemos e ganhamos mais experiência com os nossos erros. Também me influenciando no termo do escritor Yukichi, eu digo “a inteligência e a experiência sem serem postas em prática, são tão valiosas como a burrice.”
Talvez seja mais fácil viver dessa forma, mas na realidade não pode ser. Seisa não funciona assim.
Nunca se esqueçam de que a Seisa necessita de continuar sendo sempre uma instituição estimulante para cada um de vós e simultaneamente para o grupo inteiro. Se assim não fosse, perderíamos a razão de organizar este nosso grande encontro anual que é o “Dia de Seisa”. A Seisa não existe para justificar ou satisfazer a vida de cada um de nós. A Seisa existe sim como plataforma também de constante interrogação à nossa sociedade, como líder no tomar das ações necessárias na nossa sociedade independentemente do tempo que poderá demorar a concretizar os resultados requeridos.
Não me resta dúvida alguma de que Seisa é um grupo que necessita existir e permanecer unido como “a soma de todos nós”.
Desejo vos a todos um ótimo Verão e que se protejam deste calor excessivo.
26 de Julho de 2016.
Yasuo Miyazawa